A sessão da Câmara Municipal de Itanhém, realizada nesta segunda-feira (6), terminou com um episódio que chamou mais atenção do que a própria pauta. O vereador Fábio Pereira (PP) votou contra as contas da Prefeitura Municipal, referentes ao exercício de 2023, mas fez um discurso inteiro baseado em dados de 2021, ano que sequer estava sendo analisado.
As contas, referentes à gestão do ex-prefeito Mildson Medeiros (Avante), foram aprovadas por maioria absoluta, acompanhando o parecer favorável do Tribunal de Contas dos Municípios (TCM). Apenas Fábio Pereira votou contra, sem saber exatamente o que estava votando.
Observe o que disse Fábio durante seu pronunciamento.
“A minha votação, o meu parecer sobre essa situação, eu voto contra porque desde que eu participei aqui da primeira reunião eu sempre falei, ‘de repente eu estou aqui eu não vou resolver o problema, mas a gente vai procurar mostrar e esclarecer pra população’, que eu creio que no município de Itanhém o povo não é burro, isso aqui não virou um curral respeito todos os meus colegas, que vote à favor, mas quando fala de saúde, de educação, nós, o povo, sabe muito bem o que passou. Um fato sobre o INSS teve uma inflação de 9 milhões em 2021, sonegado informações, diante da investigação da Receita Federal imputou um débito de 9 milhões referente a 2021 e os outros anos...” (sic), explicou.
Foi então que o presidente da Câmara, Paulinho Correia (PSB), interveio de forma discreta, mas direta.
“Vereador Fábio, estamos julgando as contas de 2023, 2021 não chegou ainda não. Só pra lembrar”, pontuou.
Visivelmente desconcertado, Fábio ainda tentou se justificar.
“Sim. Mas tem seguimento isso aí. Certo? Isso aí vai entrar no assunto. Então, eu voto contra porque eu acho que se os colegas parassem um pouquinho e pensassem no povo, e na população, eu sei o TCM tem o voto técnico, com certeza, respeito, mas eu me posiciono na posição do eleitor, do povo de Itanhém” (sic), concluiu.
A confusão ficou clara. O vereador havia se preparado para criticar as contas de outro exercício — 2021 —, lendo inclusive um texto de seu celular, mas acabou votando contra um processo diferente.
O ex-prefeito Mildson Medeiros, que acompanhava a sessão, agradeceu aos vereadores pela aprovação das contas e aproveitou o momento para esclarecer.
“Alguns índices não foram atingidos em 2021 em razão da pandemia, inclusive há uma medida provisória que dá a possibilidade de que esses índices sejam cumpridos nos anos seguintes”, explicou.
O discurso de Mildson soou como uma aula de gestão pública diante da fala confusa e atrapalhada do vereador. Afinal, ao que parece, Fábio não sabia nem o que estava julgando, nem o que estava dizendo.
E no plenário, onde se esperava debate, sobrou apenas constrangimento — o tipo de silêncio que revela que, às vezes, o pior não é votar contra, mas votar sem saber por quê estava votando.

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