A política, por sua natureza, está imersa em ciclos de mudança e continuidade. No entanto, quando uma administração deixa um legado de problemas graves, a escolha de novos representantes exige uma reflexão cuidadosa sobre o passado e o futuro. Recentemente, Itanhém vivenciou um período de grande turbulência política, e agora se depara com a candidatura de figuras que estiveram no centro das controvérsias anteriores. Zulma Pinheiro, ex-prefeita derrotada pelo atual gestor Mildson Medeiros, busca uma cadeira na Câmara Municipal, enquanto seu irmão, Magno Pinheiro, almeja a prefeitura. Esta situação levanta uma série de questões sobre a responsabilidade política e a confiança pública.
A derrota esmagadora de Zulma Pinheiro nas eleições de 2020 para Mildson não foi apenas um baque pessoal, mas refletiu problemas na administração que ela liderou. As escolas da cidade foram entregues em condições deploráveis, algumas forçadas a fechar suas portas devido ao risco de desabamentos. O furto de HDs de computadores da Secretaria de Educação e a penhora em bares de freezers usados para suprimentos educacionais indicam uma gestão desorganizada e, possivelmente, um ambiente de malversação do dinheiro público e até negligência.
Diante deste histórico, a decisão de Zulma Pinheiro de se candidatar a vereadora pode parecer surpreendente. A escolha de buscar uma nova posição na política municipal, após ter deixado o único hospital da cidade fechar as portas várias vezes e uma idosa perder a visão por falta de uma cirurgia, levanta dúvidas sobre seu compromisso com a população e com a melhoria da administração pública. A pergunta que surge é: “Quem ainda acredita na capacidade de Zulma Pinheiro para contribuir positivamente para a cidade, considerando o histórico de sua última gestão?”
Magno Pinheiro, irmão de Zulma e candidato a prefeito, enfrenta um cenário de desconfiança semelhante. A conexão familiar entre Zulma e Magno pode ser vista como uma tentativa de manter a influência da família Pinheiro na política local, apesar dos problemas enfrentados anteriormente.
A questão importante de se observar é se Magno Pinheiro pode se distanciar das falhas de sua irmã e apresentar uma visão nova e eficiente para o futuro de Itanhém. Sua candidatura deve ser avaliada não apenas em termos de suas propostas e capacidades individuais, mas também em relação à herança política que carrega. O eleitor deve questionar se há um verdadeiro desejo de mudança ou se estamos diante de uma tentativa de perpetuação do mesmo modelo que falhou anteriormente sob a liderança de sua irmã.
Diante desse cenário, é fundamental que o eleitorado de Itanhém considere cuidadosamente suas escolhas. As candidaturas de Zulma e Magno Pinheiro trazem à tona a necessidade de uma reflexão profunda sobre a capacidade de seus líderes em enfrentar os desafios da cidade. A confiança em figuras políticas deve ser baseada em um exame rigoroso de suas ações passadas e suas propostas futuras.
O eleitor deve se perguntar se Zulma e Magno realmente representam uma mudança desejada ou se sua eleição significaria uma repetição dos erros do passado. A responsabilidade não é apenas escolher quem se apresenta como o melhor candidato, mas garantir que o legado de uma administração problemática não se perpetue sob novas roupagens.