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Sabado, 22 de Marco de 2025

Crônicas

Aos 97 anos Carmindo Pinheiro nos mostra que a música da vida está no afeto, nas memórias e no legado do amor

Carmindo é mais do que um pai, um avô, um tio, um amigo. Ele é um testemunho vivo de que a vida, quando vivida com amor, dedicação e responsabilidade, se transforma em uma obra-prima.

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Por Água Preta News
Aos 97 anos Carmindo Pinheiro nos mostra que a música da vida está no afeto, nas memórias e no legado do amor
Foto: Eliene e Eliete, filhas gêmeas de Carmindo Pinheiro.
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Crônica de Edelvânio Pinheiro

O som do acordeom já não ecoa como antes, mas a melodia da vida de Carmindo Pinheiro continua vibrante, forte como os ventos que sopram pelas terras de Minas Gerais, carregando consigo histórias, saudades e a doçura de uma existência bem vivida. Hoje ele completa 97 anos – uma sinfonia longa e harmoniosa, tecida com notas de luta, fé, amor e uma sensibilidade que toca a todos que têm o privilégio de conhecê-lo.

Foi em 8 de março de 1950, na Rua Tamarim, no distrito de Vigia, então município de Jequitinhonha e que hoje é território da cidade mineira de Almenara, que seu primeiro choro se misturou ao canto dos pássaros e ao ruído do trabalho na roça. Aquele menino, filho de Miguel e Etelvina, o segundo de sete irmãos, cresceu entre o verde da terra e os laços apertados da família. Ao lado de Maria Pinheiro, sua irmã e grande amiga, construiu memórias que o tempo jamais desbotaria. Eram dias simples, mas repletos de significado, onde o amor se manifestava no cuidado mútuo, no compartilhar do pão e no calor das noites sob o céu estrelado do Vale do Jequitinhonha.

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Ainda moço, Carmindo rumou sentido à terra de Água Preta, onde depois de passar por outros lugares plantou raízes profundas e verdadeiras. Ali, constituiu família, viu seus filhos crescerem e deixou marcas de seu caráter forte e sensível em cada um deles. Foi homem de trabalho incansável, de fé que não se enverga e de música religiosamente valorosa. Como presbítero dedicado, encontrou na espiritualidade a bússola para guiar seus dias, mas foi na música que descobriu uma extensão da própria alma para propagar o amor que sempre teve pelo Criador. Tocava muitos instrumentos, mas era no acordeom que seu coração verdadeiramente se sentia excessivamente feliz. Cada acorde, cada nota, era um pedaço de sua essência, uma forma de expressar o que as palavras nem sempre conseguiam capturar.

A vida, com suas partituras imprevisíveis, fez com que suas mãos já não apertassem mais os botões e teclas da sanfona como antes. O tempo, sábio e implacável, suavizou o vigor de seus dedos, mas não apagou a lembrança do som que encantava a todos. A música de Carmindo ainda ecoa na memória daqueles que tiveram o privilégio de ouvi-lo, como um tesouro guardado no coração. E hoje, aos 97 anos, ele é cercado pelo amor e pelo cuidado dos filhos, principalmente das filhas gêmeas, Eliete e Eliene, que, com carinho inabalável, mantêm viva a essência do pai. São elas que, com mãos delicadas e corações cheios de reconhecimento, cuidam de cada detalhe de sua vida, como se fossem guardiãs de um legado precioso.

Carmindo é mais do que um pai, um avô, um tio, um amigo. Ele é um testemunho vivo de que a vida, quando vivida com amor, dedicação e responsabilidade, se transforma em uma obra-prima. Cada ruga em seu rosto conta uma história, cada sorriso seu é um reflexo da alegria que ele espalhou ao longo de quase um século. E mesmo que seus dedos já não deslizem sobre as teclas da sanfona, sua história segue entoando a melodia de uma vida repleta de significado, reverência a Deus e de amor à família e ao próximo.

Neste sábado, ao celebrar seus 97 anos, Carmindo nos ensina que a verdadeira música da vida está no afeto que compartilhamos, nas memórias que construímos e no legado que deixamos para aqueles que amamos. Que sua amável presença siga inspirando este sobrinho que sempre o admirou e que sua melodia continue a ecoar, suave e eterna, como um acorde de carinho e gratidão.

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