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Domingo, 20 de Abril de 2025

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Nota da Prefeitura de Teixeira sobre paciente de Itanhém com marcapasso em falência é estúpida e insensível

“Atendimento médico não teve não, atendimento [mesmo] só foi agora”, disse irmão do paciente.

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Por Água Preta News
Nota da Prefeitura de Teixeira sobre paciente de Itanhém com marcapasso em falência é estúpida e insensível
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A nota publicada no início da noite desta quinta-feira (13) pela Prefeitura de Teixeira de Freitas, por meio da Secretaria Municipal de Saúde, sobre o caso do paciente Elias Moreira de Oliveira, procura minimiza a gravidade da situação e demonstra, indubitavelmente, uma falta de sensibilidade e respeito pela vida humana. A nota pode ser lida aqui.

A matéria publicada pelo site Água Preta News na tarde desta quinta em nenhum momento se equivocou, como sugerido na nota oficial. Pelo contrário, foi baseada em declarações precisas do irmão do paciente, Eliseu Moreira de Oliveira, e no relatório médico do cardiologista Evandro Esteves de Lucena, que acompanha Elias e alertou, de forma clara e urgente, sobre o risco de morte iminente devido à falência total do marcapasso.

A nota da prefeitura afirma que o paciente foi avaliado e considerado “estável”, mas como conciliar essa informação com o relatório médico encaminhado à UPA, que diz que “o dispositivo [marcapasso] apresenta falência total da unidade geradora. Portanto, necessita de troca da mesma em caráter emergencial, sob risco de morte”? Será que a UPA esperaria um ataque cardíaco ou uma parada cardiorrespiratória para considerar o caso uma emergência? Um relatório de um cardiologista especialista, que já acompanha o paciente, não deveria ser suficiente para justificar o atendimento imediato?

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Segundo o irmão, o paciente não foi atendido como afirma a nota.

“Atendimento médico não teve não, atendimento [mesmo] só foi agora”, o advérbio de tempo refere-se ao início da noite, depois da repercussão do fato nas redes sociais, após publicação da matéria nesse portal de notícias. “Quando chegou a vez dele entrar na sala o médico simplesmente disse que o caso dele não era aqui não [na UPA]”, completou.

Além disso, a nota sugere que o paciente deveria retornar a Itanhém, a quase 100 km de distância, para solicitar vaga pelo sistema de regulação estadual (SUREM). No entanto, como isso seria possível se o próprio médico orientou a família a não retornar a Itanhém de forma alguma, sob risco de morte? A orientação do cardiologista, segundo Eliseu, foi a de que o paciente não poderia se deslocar, e qualquer demora colocaria sua vida em perigo. Desta forma, a Prefeitura de Teixeira de Freitas e sua Secretaria de Saúde ignoram o fato de que a burocracia não pode se sobrepor à emergência médica.

A nota da Prefeitura ainda afirma que a UPA não realiza internações de pacientes de outros municípios sem regulação prévia, mas isso não justifica a falta de humanidade e a incapacidade de agir diante de um caso diferente de todos os demais e, além disso gravíssimo e perfeitamente documentado. A UPA é uma unidade de urgência e emergência, e o caso de Elias se enquadrava exatamente nessa categoria. A falência de um marcapasso é uma situação crítica, e o paciente deveria ter recebido atendimento imediato, independentemente de sua cidade de origem. Pelo contrário, ele só foi atendido depois que a matéria publicada nesse veículo de comunicação repercutiu nas redes sociais, já no início da noite, tendo ele chegado à unidade por volta de 9h30.

A nota da Prefeitura de Teixeira de Freitas é, no mínimo, estúpida e insensível. Demonstra total desconhecimento da gravidade do caso e uma preocupação excessiva com protocolos burocráticos, em detrimento da vida de um ser humano. Enquanto a prefeitura se esconde atrás de justificativas técnicas, Elias e sua família foram deixados à própria sorte, em uma sala de espera, sem qualquer garantia de que ele sobreviveria à espera por atendimento.

O relato de Eliseu, irmão do paciente, é um desabafo que expõe a realidade cruel do sistema de saúde.

“A gente explicou na UPA que não veio pra cá trocar o marcapasso, apenas para uma avaliação, e o médico [cardiologista] disse que não dá tempo de voltar pra Itanhém e esperar encaminhamento. Tem que ser coisa de urgência, mas eles não ouvem a gente”. Essa fala é um retrato da desumanidade e da falta de empatia que ainda permeia muitos serviços públicos.

Enquanto a Prefeitura de Teixeira de Freitas se preocupa em se justificar, o site Água Preta News continuará a denunciar situações como essa, que colocam vidas em risco. A matéria publicada em nenhum momento se equivocou e foi importante para alertar a sociedade teixeirense e da região e mobilizar jornalistas, radialistas e autoridades que, felizmente, agiram para resolver o caso. A vida de Elias Moreira de Oliveira importa, e nenhuma nota oficial pode apagar o fato de que ele foi negligenciado em um momento de extrema vulnerabilidade.

E é bom que se registre que a saúde pública precisa priorizar a vida, não a burocracia.

FONTE/CRÉDITOS: Por Edelvânio Pinheiro
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