A gestão do prefeito de Itanhém, Bentivi (PSB), tem sido marcada por contradições e decisões polêmicas. Depois de um mês e uma semana no cargo, mantendo as portas da prefeitura fechadas para o público, o gestor decretou emergência administrativa. O decreto nº 046, publicado em 7 de fevereiro, alega, no geral, a existência de dívidas deixadas pela administração anterior, problemas estruturais e sucateamento da frota municipal. No entanto, essa narrativa levanta questionamentos, especialmente diante dos valores já recebidos pelo município.
Até agora, a prefeitura já recebeu R$ 11.475.521,30 apenas do Fundo de Participação dos Municípios (FPM). Esse montante, em tese, seria suficiente para cobrir o déficit alegado pelo próprio prefeito, estimado em R$ 5,3 milhões, conforme nota publicada por um site alinhado à sua gestão. Mesmo com esses recursos em caixa, Bentivi optou por assinar um decreto que permite a contratação de serviços e a realização de compras sem licitação, sob a justificativa de que a medida evitaria a interrupção dos serviços públicos essenciais.
A decisão gera estranheza, pois a ex-prefeita Zulma Pinheiro, ao assumir a administração em 2017 recebida das mãos de Bentivi, encontrou a prefeitura em estado precário, mas não decretou emergência administrativa. Na época, as pontes do município estavam em situação crítica, um adolescente morreu eletrocutado no Colégio São Bernardo devido à falta de manutenção das escolas, e a frota de veículos estava sucateada. Apesar disso, Zulma Pinheiro e seus irmãos, que também mandavam na prefeitura, não utilizaram a emergência como justificativa para dispensar licitações.
Bentivi, por outro lado, recebeu da gestão de Mildson Medeiros uma frota renovada, incluindo três caminhões caçamba, duas retroescavadeiras, três tratores agrícolas completos com implementos e maquinários, cinco ambulâncias e três ônibus. Mesmo assim, alegou um suposto caos administrativo para sustentar a edição do decreto.
A população de Itanhém não demorou a reagir. Muitos internautas criticam a medida e ironizam a situação postando vídeos da música "Festa", de Ivete Sangalo, sugerindo que a real intenção do decreto é criar um ambiente propício para contratações sem transparência. A insatisfação também é facilmente observada no dia a dia: ruas continuam sem iluminação adequada, o recolhimento de lixo está deficiente, faltam medicamentos, inclusive no Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), e a maioria dos postos de saúde não está prestando atendimento médico regular.
A população está aguardando que a gestão Bentivi apresente, com transparência de verdade — sem retórica — , os reais motivos do decreto e justifique de maneira convincente a necessidade dessa medidas que mais parece um pretexto para flexibilizar gastos e contratações sem licitação.
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