Em um evento anunciado como prestação de contas dos 100 dias de governo, o prefeito de Itanhém, Bentivi (PSB), organizou nesta quinta-feira (10) o que muitos internautas e críticos da gestão chamaram de “espetáculo teatral”. Mas o que mais chamou atenção foi a baixa adesão de vereadores. Dos 11 vereadores do município, de acordo com o site que defende os interesses políticos do prefeito, apenas cinco estiveram presentes na cerimônia realizada na Câmara Municipal.
Entre os que compareceram estavam o presidente da Casa, Paulinho Correia — cuja presença, por razões institucionais, era praticamente obrigatória — e os vereadores Jurandy, Fábio de Ibirajá, Guido Boy e Agmar. Nenhum deles, no entanto, fez uso da palavra durante o evento. A ausência da maioria dos legisladores municipais, em um momento que seria no mínimo de debate, chamou a atenção da população e reforçou o clima de distanciamento entre a atual gestão e o Poder Legislativo.
Durante o encontro, Bentivi repetiu o já conhecido discurso de que teria herdado uma prefeitura desorganizada e endividada, mas, mais uma vez, não apresentou dados concretos que comprovassem suas alegações. Também não trouxe à tona qualquer medida efetiva de apuração ou responsabilização do ex-prefeito Mildson Medeiros (Avante) por supostas irregularidades na gestão passada.
Um dos poucos anúncios feitos pelo gestor foi a implantação da primeira escola de tempo integral do município, a Escola Ruy Santos, no bairro Monte Santo. Mas, segundo apurou a reportagem, a informação divulgada pelo prefeito não condiz com a realidade. O modelo de tempo integral nessa unidade foi implantado ainda na gestão anterior. Atualmente, segundo apurou a reportagem, faltam apenas três aparelhos de ar-condicionado que apresentaram defeito, ainda na gestão anterior, e foram devolvidos ao fornecedor. A nova gestão, que já havia anunciado o início das aulas em tempo integral desde janeiro, não conseguiu repor os ares e nem cumprir o prometido.
Outro ponto que gerou críticas foi a omissão sobre temas sensíveis que têm circulado entre os bastidores do poder. O prefeito não mencionou as compras milionárias programadas pela atual administração em empresas ligadas a seus aliados políticos — alguns deles apontados como financiadores de sua campanha. Também, Bentivi evitou tocar no assunto do processo judicial que responde desde a última vez que passou pela prefeitura, juntamente com sua irmã, empresária, e sua ex-tesoureira, pelo qual já se tornou réu.
Com pouca presença política, falta de dados concretos e silêncio sobre temas espinhosos, o evento de prestação de contas de Bentivi terminou mais parecendo uma encenação de palanque do que uma reunião de transparência. O circo foi armado, mas a plateia, ao que tudo indica, não comprou o ingresso.
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