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Segunda-feira, 10 de Fevereiro de 2025

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As boas ações do missionário Marcos não necessitam de elogios de "pobres miseráveis" com a intenção de bajular o prefeito Bentivi

A tentativa de associar atos verdadeiros e humanos de solidariedade a uma administração que busca, na verdade, perpetuar sua influência política é lamentável.

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Por Água Preta News
As boas ações do missionário Marcos não necessitam de elogios de
Missionário Marcos.
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Todos os dias, ao me deitar e acordar, faço questão de acompanhar os principais sites de notícias para me manter informado sobre os acontecimentos do Brasil e do mundo. Essa prática faz parte, ou pelo menos deveria fazer, do ofício de qualquer jornalista. Entre manchetes de guerras devastadoras, como a invasão da Ucrânia por Vladimir Putin ou os massacres do Hamas em Israel, que marcaram profundamente a história recente, também dedico tempo a ler jornais como The New York Times e The Times of Israel para compreender as implicações geopolíticas que afetam regiões de decisão econômica mundial.

Porém, na manhã deste sábado, algo fora do habitual chamou minha atenção. Ao verificar mensagens no único grupo de WhatsApp de que participo em Itanhém, me deparei com um vídeo do missionário Marcos e um áudio exaltando sua boa ação. Até aí, tudo bem. O missionário, aliás, merece reconhecimento: ele dedica sua vida às causas sociais, ajudando dependentes químicos, buscando tratamento para doentes em outras cidades, construindo e reformando casas de pessoas em situação de vulnerabilidade e garantindo alimento a quem está com fome. O problema surgiu nas entrelinhas da mensagem: a intenção não era destacar o trabalho brilhante do missionário, mas sim bajular o prefeito Bentivi e sua esposa, Lidiane Guimarães, secretária da Assistência Social.

Esse tipo de atitude é um insulto à inteligência do povo itanheense. A tentativa de associar atos verdadeiros e humanos de solidariedade a uma administração que busca, na verdade, perpetuar sua influência política é lamentável. O missionário Marcos não precisa de bajulação nem de segundas intenções mascaradas como elogios. Seu trabalho é resultado de empatia verdadeira, algo que deveria ser exemplo para qualquer gestor público, mas que é usado como plataforma para promover interesses mesquinhos.

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O que dizer, então, daqueles que se submetem a esse jogo? Os bajuladores, que vivem à sombra de políticos, entregando sua dignidade em troca de migalhas, são o exemplo mais claro de uma sociedade doente. Suas vidas giram em torno de garantir um emprego temporário, com prazo de validade que se encerra ao menor sinal de descontentamento por parte de seus “padrinhos” políticos. Esse comportamento é uma expressão clara da política suja que transforma cidadãos em peães descartáveis, criando um ciclo vicioso de dependência e submissão.

Ser um puxa-saco é abdicar da própria autonomia para viver sob a humilhação constante de agradar quem está no poder. É aceitar ser manipulado em troca de um salário mínimo, muitas vezes nem mesmo garantido até o último dia de mandato. Não há dignidade em se tornar um fantoche, em hipotecar seus princípios em nome de interesses tão pequenos.

Por outro lado, o político que alimenta esse tipo de comportamento é ainda mais desprezível. Ele não é líder, mas sim um explorador da miséria alheia. Ele se vale da vulnerabilidade de pessoas em situações de necessidade extrema para consolidar sua posição de poder. Essa é a prática mais perversa da política: transformar a pobreza em moeda de troca, perpetuando a desigualdade para garantir um eleitorado cativo. E todos, sem exceção, são assim.

É essencial que tanto os bajuladores quanto os políticos que os manipulam entendam que são, na verdade, “pobres miseráveis”. Não no sentido material, mas no âmbito moral e intelectual. Pobres porque carecem da coragem de serem autônomos, da capacidade de pensar criticamente, da força para dizer “basta” a esse ciclo de dependência humilhante. Miseráveis porque perdem a oportunidade de construir uma sociedade mais justa e digna, escolhendo o caminho mais fácil, ainda que indigno.

O povo itanheense é muito maior do que isso. Existe uma força latente na comunidade, uma capacidade de resistência e superação que precisa ser resgatada. E isso começa com a rejeição às práticas de bajulação e manipulação, inclusive refejeitando e não reproduzindo esse tipo de conteúdo nas redes sociais. O missionário Marcos não espera nada de políticos (embora, acredito que ele se vê obrigado a agradecê-los para ter o mínimo recurso para ajudar quem necessita), muito menos ele espera da parte podre do eleitorado de Itanhém que em duas eleições não o elegeram vereador, dando oportunidade a pessoas que depois de eleitos negociam os votos que tiveram em troca de vantagens; ele age por empatia, e isso é o que deveria inspirar todos os cidadãos, mais ainda os puxa-sacos.

A verdadeira grandeza está na autonomia, na dignidade e na coragem de lutar por uma Itanhém melhor. E isso só será possível quando pararmos de tolerar esse jogo sujo que transforma seres humanos em peças descartáveis de um tabuleiro político. Que o exemplo de pessoas como o missionário Marcos nos inspire a quebrar essas correntes e a construir uma sociedade onde ninguém precise se submeter a ser um “pobre miserável” para sobreviver.

FONTE/CRÉDITOS: Por Edelvânio Pinheiro
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