*Por Edelvânio Pinheiro
Com o advento das redes sociais, o prefeito Bentivi (PSB) parece ter descoberto uma nova habilidade, a habilidade de vender uma imagem que nunca correspondeu à realidade. Em suas duas gestões anteriores, transparência foi justamente o que menos se viu. Agora, aproveitando a força da internet, ele transforma a rede mundial de computadores em uma vitrine de ilusões para tentar convencer a população de Itanhém de que sua administração é cristalina. Mas, se há algo realmente transparente em sua gestão, é o fato de ninguém conseguir enxergar para onde vai o dinheiro público.
Somente do Fundo de Participação dos Municípios (FPM), Itanhém já arrecadou mais de R$ 7,5 milhões; só nos primeiros cinco dias de fevereiro entrou nos cofres da Prefeitura de Itanhém, apenas de FMP, 618.043,81. E, por acaso, algum dos 17.500 habitantes ouviu alguma prestação de contas sobre onde esse dinheiro foi investido? Alguma explicação convincente sobre melhorias reais para a cidade? Nada. O silêncio reina, inclusive na casa que deveria ser do povo, a Câmara de Vereadores, e a transparência de Bentivi mais parece um vidro de última tecnologia: tão puro e invisível que não se vê absolutamente nada do outro lado.
Quem conhece o político astuto que Bentivi sempre foi sabe bem de sua habilidade em distribuir cargos para quem não conhece nada da função para a qual foi empregado e direcionar recursos públicos para empresas de familiares e financiadores de campanha. O prefeito sempre foi um mestre da retórica, um artista das palavras bem ensaiadas. Promessas vazias, discursos decorados e uma lábia afiada para vender o que nunca praticou. O problema é que, por mais que a maquiagem digital tente encobrir a realidade, os fatos continuam gritando aos ouvidos daqueles que têm o mínimo de sensatez política.
Transparência não é propaganda, é prática. E, nesse quesito, Bentivi segue reprovado, sem direito a recuperação. Mas talvez o problema não esteja na falta de transparência, e sim na transparência em excesso — tão exagerada que ninguém consegue enxergar absolutamente nada. Sua gestão é como um vidro ultramoderno, desses que prometem 100% de visibilidade, mas que, curiosamente, só deixam ver um grande vazio do outro lado. Enquanto ele desfila nas redes sociais com discursos decorados e promessas recicladas, a população sabe de onde vem o dinheiro público, mas não sabe para para onde vai, mesmo com promessa excessivas de transparência. No fim, a única coisa que Bentivi consegue tornar cristalina é a certeza de que sua transparência é apenas um truque barato para enganar quem ainda se permite iludir.
*Edelvânio Pinheiro é bacharel em jornalismo pela Faculdade Católica (UCA), tem graduação em Letras Vernáculas pela UNEB e pós-graduação em Ciências Políticas pela Faculdade Serra Geral.
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