Ela ainda não consegue acreditar, mas Tevaldo partiu. Deixou para trás o sofrimento e seguiu para um reino de paz, onde as dificuldades da vida não podem alcançá-lo.
Tevaldo, apesar de todos os problemas familiares e sociais que enfrentou, trabalhador, nunca foi uma carroça vazia, dessas que descem a ladeira fazendo barulho de tanto cuidar da vida alheia.
Agora, Tevaldo certamente contempla uma imensidão de jardins celestes, livre do peso dos vícios que o consumiam no plano terrestre. No entanto, sua companheira de luz na Terra não consegue lidar com a falta que ele faz.
Pitonha está desolada, seus olhos refletem um vazio imenso de saudade e lembrança. Ela olha para as paisagens aguapretenses e só enxerga tristeza. Está sem Tevaldo, sem as manifestações de amor, algo tão raro nos dias atuais.
Seu companheiro, com quem dividiu a cama, o espaço na carroça de trabalho e até o último feijão da lata, se foi para sempre, deixando-a sem metade, privada do amor mais puro que já conheceu.
Pitonha está só!
Pitonha sem Tevaldo é como um mar em um domingo sem sol, como uma canção sem melodia, um jardim sem flores, um mundo desprovido de cor e vitalidade.
Diante dos jardins floridos, Tevaldo agora sabe que um dia reencontrará sua mulher, pois eles se amavam como diz um dos poemas de Pablo Neruda: "Te amo sem saber como, nem quando, nem onde, te amo diretamente sem problemas nem orgulho: assim te amo porque não sei amar de outra maneira…"
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